Quando entrei no EPCEP, em 1994, a Dr. Lídia Vieira e a Dr. Manuel Cerca, no antigo edifício em pleno parque da cidade do Porto, mostraram-me as instalações e oficinas algo decrepitas, mas sensíveis sobre a capacidade material dos alunos e dos professores, nesse mesmo momento sou confrontado por uma presença estranha, uma fémea de lenço na cabeça e ar empoeirado, era assistente das oficinas. Desde sempre, esse momento pertenceu a um confronto, um confronto de saberes e de capacidades em trabalhar a matéria, em colocar a experiência e a ‘manualidade’ sobre o registo da cultura em projetar em design, mas também em saber executar por via dessa interligação (componente manual) a um sentido ativo: “de fazer”.
Neste registo e nessa apetência, hoje,... o lugar de confronto deu lugar a uma confluência de vidas, saberes, amores e sobretudo a uma construção afetiva familiar. Somos um todo, entre a forma e a técnica, mas sobretudo na validade das ideias que reagem  uma logica e a um intercâmbio de ‘detalhes’. Sob esta necessidade surge com alguma naturalidade o registo da ‘desconversadeira’, que traduz um olhar critico sobre a sociedade, sobre a sua construção e sobre dos novos nós. A ausência de olhares, a ausência de conectividade entre indivíduos. Somos orelhas moucas, de nós próprios e dos outros.
Desenhar mobiliário urbano, é na verdade uma extensão uma prótese de ideia que sustenta a vida interna da paisagem doméstica, no entanto fica sempre esse registo de tentar perceber o que nasceu primeiro: se a pedra que suportou o homem primitivo para poder descansar ou ver mais alto sobre pradaria num processo normal de subsistência, ou se a pedra que sustentou o corpo envolta do fogo primitivo. Essa pesquisa parece-nos insignificante pela sua ‘inconclusão’, mas traduz uma experiência inequívoca, o suporte do corpo, o direito ao descanso, imploração de conforto no espaço interno ou externo. De certo, poderemos chamar, bancos, cadeiras, sofás, ‘formas de sentar’, …parece-nos quase prosaico, nesta inter-relação casual de tempo entre o ato corpóreo e o objeto natural ou artificial delimitar o termo a um ou outro sentido. Parece-nos fundamental também associar estes intercetores de ‘rabos’ ou glúteos ou como refere Keil de Amaral a uma necessidade fisiológica, antropológica, de pequenos  ‘objetos que amenizam a vida do homem’.
Voltemos á estética e á sensibilidade identitária se por ventura ela existir, questionando por inerência essa tentativa irreal de tentar encostar as peças desenvolvidas a um ímpeto de portugalidade. No entanto a sua brutalidade e a sua fragilidade expressiva enaltecem os antípodas, tal como a génese da identidade portuguesa, brutos e amenos, num só…
….mas para além destes pequenos tumultos de consciência interpretativa, salientemos a sua essência: granito do norte, pedreira do norte, ‘granometria’ cinza.. tal como o nosso Porto: Bruto, envolto em neblina fina.
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